A mensagem principal de Números
é evidente: o povo de Deus prossegue avante tão-somente por confiar nEle e nas
suas promessas e obedecer à sua Palavra. Embora a travessia do deserto fosse
necessária por certo tempo, não era intenção original de Deus que a prova
naquele lugar se prolongasse a tal ponto que uma geração inteira de israelitas
habitasse e morresse ali. A curta viagem do monte Sinai a Cades, significou
trinta e nove anos de aflição e de julgamento por causa da incredulidade deles.
Durante a maior parte do tempo referente a Números, Israel foi um povo infiel,
rebelde e ingrato para com Deus, apesar dos seus milagres e provisão.
Murmuração generalizada surgiu entre o povo, pouco depois da sua partida do
monte Sinai (cap. 11); Miriã e Arão falaram mal de Moisés (cap. 12); Israel,
como um todo, rebelou-se em Cades na sua obstinada incredulidade, e recusou-se
a prosseguir para Canaã (cap. 14); Coré com muitos outros levitas rebelaram-se
contra Moisés (cap. 16). Pressionado além dos limites por um povo rebelde,
Moisés, por fim, pecou na sua ira, por imprudência (cap. 20); a seguir, Israel
adorou a Baal (25). Todos os israelitas que no incidente de Cades tinham de
vinte anos para cima (excetuando-se Josué e Calebe) pereceram no deserto. Uma
nova geração de israelitas finalmente chegou aos termos orientais da terra
prometida (26—36).
Características Especiais
Seis características principais
projetam o livro de Números. (1) É o “Livro das Peregrinações no Deserto”, a
revelar claramente por que Israel não possuiu imediatamente a terra prometida
depois de partir do monte Sinai. Antes, teve que peregrinar, vagueando no
deserto por mais trinta e nove anos. (2) É o “Livro das Murmurações”, que
registra vez após vez a murmuração, o descontentamento e as queixas dos israelitas
contra Deus e seu modo de lidar com eles. (3) O livro ilustra o princípio que
sem fé é impossível agradar a Deus (cf. Hb 11.6). Vemos, por todo esse livro,
que o povo de Deus triunfa tão-somente ao confiar nEle com fé inabalável, crer
nas suas promessas e depender dEle como sua fonte de vida e de esperança. (4)
Números revela com profundidade o princípio de que se uma geração fracassar,
Deus suscitará outra para cumprir suas promessas e para levar a efeito a sua
missão. (5) O censo antes de Cades-Barnéia (1—4) e o posterior feito nas
planícies de Moabe, antes da entrada em Canaã (cap. 26), revelam que não era o
tamanho inadequado do exército de Israel que o impedia de entrar em Canaã,
partindo de Cades, mas o tamanho inadequado da sua fé. (6) É o “Livro da
Disciplina Divina”, a demonstrar que Deus realmente disciplina os seus e
executa julgamento sobre eles, quando persistem na murmuração e na
incredulidade (13—14).
Números e Seu Cumprimento no NT
As murmurações e a incredulidade
de Israel são mencionadas como advertências aos crentes do novo concerto (1 Co
10.5-11; Hb 3.16—4.6). A gravidade do pecado de Balaão (22—24) e da rebelião de
Coré (cap. 16) também são mencionados (2 Pe 2.15,16; Jd 11; Ap 2.14). Jesus faz
referência à serpente de bronze como uma alusão a Ele mesmo ao ser levantado na
cruz, de modo que todos os que nEle crêem não pereçam mas tenham a vida eterna
(Jo 3.14-16; ver Nm 21.7-9). Além disso, Jesus Cristo é comparado com a rocha
do deserto, da qual Israel bebeu (1 Co 10.4) e com o maná celestial que
alimentou aquele povo (Jo 6.31-33).
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